Juntámos um grupo, mais tarde denominado "The Team" constituído por: Julien (Fra), Nathanael (Fra), Mathias (Fra), Marc (Esp) e eu.
Alugámos um carro. Pedimos um Clio de 3 portas para ser mais barato, deram-nos uma carrinha Peugeot 207 pelo mesmo preço, nada mau.
Equipa constituída, malas feitas, pegámos no carro e pusemo-nos a caminho.
Praticamente três horas mais tarde, e depois de matar as saudades de conduzir, chegámos a Karlov, no norte da República Checa. O Julien tem cá GPS (por ter vindo de França de carro) e por isso foi fácil descobrir o sítio exacto onde iríamos ficar.
Numa vila muita simpática, onde tudo estava coberto de neve, tínhamos reservados dois quartos. Excelentes condições e a 10 minutos de carro das pistas.
Depois de almoço, fomos alugar o material para os três dias. Eu e o Mathias quisemos snowboard e os outros três quiseram ski.
Tudo pronto. Lá fui eu desvirgindar-me no snowboard.
Todos os outros já tinham feito snowboard ou ski várias vezes e, por isso, estavam muito mais avançados que eu.
No princípio, apesar de achar que mesmo assim os anos que andei de skate ajudaram bastante, estava mais tempo com a cara, rabo, cotovelos, joelhos, ou o corpo intereiro espetado na neve, do que a fazer qualquer coisa parecida com snowboard.
Como ninguém me ensinou nada, caí à vontade 50 vezes até ao final do dia, apesar de ter começado a dominar ligeiramente aquilo. Joelhos inchados, cabeça ligeiramente dorida, braços e pernas todos partidos e entretanto acho que já não tinha rabo de tanto cair. Ainda assim, muito feliz.
Entretanto, o Mathias tinha feito um corte num dedo e tinha mesmo que o desinfectar e ligar. Com a ajuda do GPS, fomos à farmácia mais próxima (meia hora de caminho).
Jantámos na vila de Brunthal e depois disso pusemo-nos a caminho de casa.
O GPS indicou-nos um caminho mais curto. Seguimo-lo. A dada altura virei à direita, como sugeriu a Catarina do GPS.
O caminho era escuro, não havia uma única luz à parte dos faróis. Mal havia luz lunar. À nossa volta só árvores altas, uma floresta densa de um lado e do outro. Neve e gelo na estrada.
À nossa direita, um moral de flores mortas entre duas árvores, uma cruz e uma fotografia. Sinistro.
Seguimos em frente. A conversa no carro era sobre o filme "Hostel", sobre espíritos e coisas que tais. Dizíamos que ia aparecer uma mulher toda de branco no meio das árvores. Nós riamo-nos e gozávamos com o Mathias que estava cheio de medo e dizia "I'm scared but I will fight" enquanto dava pulinhos estúpidos.
Nisto, passo um cruzamento e sinto que estou a perder o controlo do carro por causa do gelo. Páro e tento fazer inversão de marcha mas também não posso ir para trás. O carro começa a deslizar para uma vala à beira da estrada. Puxo o travão de mão e digo várias palavras em várias línguas que não ficariam bonitas aqui no blog.
À nossa volta, só árvores em todos os lados, continua a não haver uma única luz. Só se ouve o vento das folhas nas árvores.
A solução é empurrar o carro. Mas é complicado, nós próprios escorregamos no gelo. Se destravasse o carro ele cairia na vala e seria impossível tirá-lo de lá.
Vinte minutos mais tarde, depois de eu ir soltando o travão aos poucos enquanto eles empurravam de lado o carro (para não ir parar à vala), conseguimos voltar ao cruzamento e ir por outro caminho.
Chegámos a casa e rimo-nos mas na altura o medo ainda se fez sentir. Não dos espíritos ou da mulher de vestido branco (como o medo doMathias) mas sim, que o carro caísse na vala e tivéssemos que lá passar a noite.
Dia seguinte, mais um dia de quedas. Não tantas, mas ainda assim bastante dolorosas. Ia ganhando confiança, ia ganhando velocidade e...záaas! Chão.
Mas foi um grande dia, já deu pa sentir a adrenalina do snowboard com menos neve na cara.
De rastos e gelados, fomos para casa deixar o material (o Marc ia sempre com o vidro aberto para as pranchas caberem no carro, pobre infeliz).
Fomos para um bar beber umas cervejas e só depois fomos para casa. Tomámos banho, eu e o Marc cozinhámos, os outros lavaram a cozinha.
No dia seguinte fomos mais cedo para as pistas e passámos lá o dia todo. Já os conseguia acompanhar praticamente à mesma velocidade que eles. Já conseguia fazer as pistas inteiras sem cair e tirar um gozo enorme do snowboard. Adorei e quero repetir o mais rápido possível.
Fim do último dia desportivo. Tomámos banho e conduzi de volta a Brno enquanto os quatro estarolas dormiam.
Durante estes três incríveis dias, rimo-nos como se não houvesse amanhã, divertimo-nos mesmo à grande e surgiram cinco alcunhas.
Julien - Jukebox
Nat - Priest
Marc - Jew
Mathias - Little Monkey
Diogo - Gipsy
The team.
Foram dias brutais e ficaram as frases "Elle a joue avec ma bite" e "I'm scared but I'll fight"! Muito bom.